segunda-feira, 5 de abril de 2010

RECADO A TODOS OS OLIVEIRAS DO MUNDO

Imagine-se um hipotético indivíduo que doravante chamaremos de Sr. Oliveira.

O Sr. Oliveira é um homem comum. É um pai de família.

Habita uma região metropolitana que poderia ser São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte

ou Recife ou alguma outra grande cidade.

Tem um emprego em uma instituição

financeira, ou em uma revendedora de peças por exemplo.

Pertence àquela classe média ligeira, que além de trabalhar 4 meses por ano

de graça para o governo esforça-se para pagar as contas de aluguel, escola,

natação e inglês dos filhos, plano de saúde, o guarda da rua e outros

pormenores no fim do mês.

O Sr. Oliveira levanta-se de manhã e veste-se com roupas de

algodão, algodão esse crescido nos campos de Chapadão do Sul, MS e

processado em Blumenau, SC. Talvez esteja um pouco frio, e ele use um

pulôver de lã de carneiros criados em Pelotas, RS e fabricado em Americana,

SP. Calça seus sapatos de couro vindo de bois do Mato Grosso, e fabricados

em Novo Hamburgo, RS.

Ele toma café da manhã, com ovos vindos de Bastos, SP, leite de

uma cooperativa do Rio de Janeiro, broa de milho colhido em Londrina, PR, um

mamão vindo do Espírito Santo, suco de laranja de Araraquara, SP e um

cafezinho vindo direto de São Lourenço, MG.

Ele lê um jornal, impresso em papel feito de eucalipto crescido

em Três Lagoas, MS.O Sr. Oliveira entra em seu carro, abastecido com álcool

de cana de açúcar produzida em Piracicaba, SP, com pneus de borracha saída

dos seringais de São José do Rio Preto, SP.

Enquanto ele vai ao trabalho, a Sra. Oliveira vai às compras nos

supermercados do bairro, sempre pesquisando os melhores preços das frutas,

das verduras e da carne para não apertar o orçamento familiar. No almoço, o

Sr. Oliveira come um filé de frango criado no Paraná, alimentado com soja de

Goiás e milho do Mato Grosso, com molho de tomate de Goiás. Tem arroz do Rio

Grande do Sul, feijão dos pivôs do oeste baiano. Tem salada das hortas de

Mogi das Cruzes, SP. Suco de uvas do Vale do São Francisco e de sobremesa

goiabada feita com goiabas de Valinhos, SP e açúcar de Ribeirão Preto, SP, e

queijo de Uberlândia, MG. Outro cafezinho dessa vez da Bahia.

Hoje a noite é de comemoração. Sua empresa fez um corte de

pessoal mas felizmente o Sr. Oliveira manteve o emprego. Ele leva a esposa

jantar fora. Vinho do Vale dos Vinhedos gaúcho. Presuntos e frios de porco

criado em Santa Catarina, alimentado com soja paranaense, filet mignon de

bois criados no Sul do Pará. Chocolate produzido com cacau do sul da Bahia.

E outro café de Minas, adoçado com açúcar pernambucano.

O Sr. Oliveira é um homem razoavelmente informado e inteligente.

No dia seguinte ele lerá os jornais novamente.

Pelos jornais ele ficará sabendo que há conflitos em terras

indígenas recentemente demarcadas e fazendeiros cujas famílias foram

incentivadas a ocupar aquelas terras há décadas atrás.

Pelos jornais ele ficará sabendo que a pecuária é a maior poluidora do país (embora ele mesmo

tenha o sonho de um dia abandonar a cidade poluída e viver no campo por uma

qualidade de vida melhor).

Pelos jornais ele tem notícias de invasões de

terras, de conflitos agrários, de saques e estradas bloqueadas (o Sr.

Oliveira é a favor da reforma agrária, embora repudie a violência). Pelos

jornais ele toma conhecimento de ações do Ministério Público contra empresas

do agronegócio (ele não entende que mal há em empresas que ganham dinheiro).

Pelos jornais ele acha que a Amazônia está sendo desmatada por plantadores

de soja e criadores de boi.

Mas o Sr. Oliveira pensa que isso não tem nada a ver com ele.

Pois eu gostaria de agarrá-lo pela orelha, e gritar bem alto, de megafone

talvez, não um, nem dez, mas mil megafones que TUDO ISSO É PROBLEMA DELE

SIM.

Gostaria de lhe dizer que a agropecuária está presente em todos

os dias da vida dele.

Gostaria de lhe dizer que o agronegócio gera um terço do PIB e

dos empregos do país. Gostaria de lhe dizer que quem diz que a pecuária

polui mente descaradamente.

Gostaria de lhe dizer que o maior desmatador da Amazônia é o

INCRA, que com o dinheiro dos impostos dele sustenta assentamentos que não

produzem absolutamente nada, condenando uma multidão de miseráveis

manipulados por canalhas balizados por uma ideologia assassina à eterna

assistência do Estado.

Gostaria de lhe dizer que estes mesmos canalhas estão tentando,

sob a palatável desculpa dos direitos humanos, acabar com o direito de

propriedade, arruinando qualquer futuro para o agronegócio brasileiro.

Gostaria de lhe dizer, que os mesmos canalhas querem fechar

índios que há 5 séculos estão em contato com brancos em gigantescos

zoológicos onde eles estarão condenados à miséria e ao suicídio.

Gostaria de lhe dizer que índios são 0,5% da população

brasileira e não obstante são donos de 13% do país.

Gostaria de lhe dizer que querem transformar 2/3 do país

em reservas e parque que estão sendo demarcados sobre importantes

reservas minerais e aqüíferos subterrâneos essenciais para o futuro

do país.

Gostaria de lhe dizer que a agricultura ocupa apenas 7,5%

da superfície do país, e que mesmo assim somos os maiores

exportadores do mundo de carne, soja, café, açúcar, suco de laranja e

inúmeros outros produtos.

Gostaria de lhe dizer que podemos dobrar ou triplicar a

produção pecuária do país sem derrubar uma árvore sequer.

Gostaria de lhe dizer que produtores rurais não são a

espécie arrogante e retrógrada que os canalhas dizem que são. É gente

que está vivendo em lugares onde você não se animaria a viver,

transitando por estradas intransitáveis e mortais, acordando nas

madrugadas para ver nascer um animal, rezando para chover na hora de

plantar e para parar de chover na hora de colher, com um contato e um

conhecimento da natureza muito maior do que o seu.

São gente cujos antepassados foram enviados às fronteiras desse país para garantir

que esse território fosse nosso, foi gente incentivada a abrir a

mata, abrir estradas, plantar e colher, às vezes por causa do

governo, às vezes apesar dele.

Gostaria enfim de gritar a plenos pulmões, que qualquer

problema que afete um produtor rural, uma empresa rural, uma

agroindústria É UM PROBLEMA DELE, DO PAÍS E DO MUNDO.

Sim, porque no mesmo jornal que o Sr. Oliveira leu, há

uma nota de rodapé que diz que há 1 bilhão de pessoas no mundo

passando fome. E grito finalmente para o Sr. Oliveira e tantos outros

iguais a ele: ABRA OS OLHOS! e desconfie daqueles que querem

transformar o agronegócio em uma atividade criminosa.

Autor: Fernando Sampaio - Eng. Agrônomo.
Att
Cristiani Krieser