terça-feira, 28 de setembro de 2010

PROPOSTAS DOS PRESIDENCIÁVEIS

A educação não se tornou um eixo estruturante da campanha presidencial. Na verdade, nunca tivemos uma campanha eleitoral tão desestimulante em termos programáticos.

De qualquer forma, reproduzo no dia de hoje, faltando pouco tempo para o pleito, o resumo de entrevistas sobre educação recolhidas pelo Jornal do Campus da USP.
Apresento os resumos em ordem alfabética.

Dilma

Dilma finca suas propostas para a educação na base já construída com o Governo Lula. Pretende-se manter essas diretrizes e ampliar os recursos para o setor – de 5,1% do Produto Interno Bruto (PIB) para 7%, sem detalhar como isso será feito, e manter o Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização do Magistério (FUNDEB).
Quanto às novas propostas, destacam-se a valorização do profissional da educação, pois segundo a candidata “Não se faz ensino de qualidade sem professor bem pago, valorizado e respeitado” e a promoção da inclusão digital, com banda larga e produção de material pedagógico digitalizado.

A construção de seis mil creches até 2014 também estão nos planos da candidata – uma pesquisa de Junho/2010 realizada pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) mostrou que apenas uma em cada cinco crianças de zero a três anos tem acesso a creches no país – bem como a ampliação do Programa Mais Educação (programa de educação integral) para 32 mil escolas (estima-se que até o final desde ano 10 mil escolas farão parte do Mais Educação). E para assegurar o acesso a universidade às minorias como indígenas e afro descendentes, a candidata se coloca a favor das cotas raciais e socioeconômicas.

Marina

Segundo a coordenadora das propostas de educação no programa de governo de Marina Silva, Neca Setúbal, a parcela do PIB destinada à educação saltaria de cerca de 5% para 7%, com a diminuição de gastos públicos e punição da corrupção. Assim, outro setor não precisaria sofrer com a redução de verba.

A ideia central das propostas é uma parceria entre escolas do ensino básico e universidades públicas para que, com a formação de professores qualificados por essas instituições, diminua a carência de profissionais no setor e, consequentemente, a evasão de alunos nas escolas. Para tanto, ela defende licenciaturas curtas em universidades e uma visão sistêmica de formar professores e reformular os currículos, com a intenção de deixá-los mais atrativos. Portanto, o incentivo à entrada de alunos de ensino médio no superior é primordial segundo as propostas de Marina, que propõe um acesso mais democrático ao ensino superior, por meio de ações como a ampliação do ProUni.

Marina Silva acredita que a extensão universitária deveria ser parte do currículo. De acordo com as propostas publicadas em seu site, a candidata acredita que a extensão está relacionada à função social da universidade como forma de devolução para a sociedade daquilo que é investido.

Plinio

Plínio é o quarto candidato com mais intenções de voto para a presidência da república, segundo o Datafolha. Suas propostas para a Educação, porém, seguem uma linha diferente da dos candidatos a sua frente nas pesquisas. O presidenciável propõe que 10% do PIB brasileiro seja dedicado à educação. Para tal, ele defende a auditoria do pagamento da dívida pública.

Formado em Direito pela USP, foi também professor, portanto acredita na necessidade de salários mais altos para os docentes, com turmas menores para facilitar o ensino, e tempo de dedicação à preparação de aulas contando como tempo de trabalho. “Quando eu dava aulas na universidade, eu levava mais tempo preparando uma aula do que a aula. Professor tem que ter salário adequado e, mais que isso, professor tem que ter status. Esse país está tão deteriorado. O professor é um coitado. Isso não está certo. Isso nós vamos acabar”, explica.

Em relação à educação pública, ele é direto: “Escola pública em todos os níveis e para todos. Dinheiro público financiando única e exclusivamente escola pública. Investimento privado em educação não pode. A educação não pode ser mercadoria. Esse é o princípio. A educação interessa ao povo brasileiro e interessa a cada um de modo que toda escola será uma escola pública

Serra

José Serra institui como mastro de suas propostas para educação a implantação do ProTec. O nome não é coincidência, e faz referência ao ProUni, programa criado por Lula.

No ProTec pretende-se que o aluno tenha bolsas de estudos integrais ou parciais para cursos técnicos. O governo fará o cadastramento e a avaliação das instituições de ensino que participarão do programa, para que a qualidade e os cursos sejam adequados à vocação da região onde os beneficiados moram. Assim, o aluno poderá se especializar em uma área de interesse das empresas contratantes. O candidato pontua que as famílias que recebem o programa Bolsa Família terão acesso especial ao programa.

Para reforçar o aprendizado em sala de aula, Serra espera colocar dois professores por classe de primeira série do Ensino Fundamental. E assim como já é feito no estado de São Paulo, Serra pretende distribuir cem milhões de livros por ano para professores e alunos a partir do 5º ano do Ensino Fundamental. “A leitura incentiva a cultura, o raciocínio e ajuda na melhora da educação que é um dos nossos grandes objetivos”, esclareceu o candidato. O programa custou ao Estado de São Paulo 60 milhões de reais, e espera desenvolvê-lo na esfera federal pelo custo de 450 a 500 milhões de reais.

Por Luiz Araújo (http://rluizaraujo.blogspot.com)